Não entendo a escrita

Não entendo essa necessidade,
Essa carência a cada dia.
Parece que a solução de tudo
Passa pela poesia.

Não entendo a poesia,
Não compreendo a escrita,
Os versos que se enleiam
Só para que fique bonita.

Não entendo o tempo desperdiçado,
Horas e dias sem fim...
Ao escolher palavras com cuidado
Que só têm sentido para mim.

Não entendo os livros,
Comparações e metáforas
Antíteses e tudo mais
Coisas que nem vêm nos jornais.
Esforços e pensamentos em vão
Que são aquilo que são
Para alguém que como eu
Não entende o pensamento teu.
E por isso, mesmo que se esforce
A poesia nunca será o seu forte
E nunca entenderá a necessidade furtiva
Da dedicação à escrita exaustiva! 

Não entendo a escrita,
Mas sou forçada a escrever,
Pois o meu coração pobre
Finge não ter sangue
E sem ela, já não sabe bater.

Não entendo a escrita,
Mas vejo-a como a Natureza,
Pois é nos seus segredos
Que está a sua beleza.

Não entendo a poesia
Porque não sei ler nas entrelinhas
Não sei ler as tuas palavras
Mal compreendo as minhas...



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